orgulho… mas do que?
Essa foi a reflexão que me bateu esse ano durante o mês do orgulho: o que é ser gay?
É falar açucaradamente? É gostar de pessoas do mesmo gênero? É se identificar como trans?
Acho que a resposta passa por um pouco de tudo isso… e muito mais. Ser LGBTQIA+ é, antes de tudo, se descobrir e viver essa verdade. Nós, LGBTQIA+, nascemos em um mundo que ainda não aceitou completamente o que somos. Por isso, durante boa parte da nossa vida, a gente se esconde. Reprimimos sentimentos por uma estranheza que nasce dentro da gente e também do mundo ao redor.
Com isso, deixamos de viver muitas coisas “na hora certa”: romances, vontades, sonhos. Mas, com o tempo, a gente começa a encarar esse lado nosso que estava oculto e passa a vivê-lo. Claro, existem pessoas que nunca chegam a experienciar sua verdadeira identidade, por diversas questões como trabalho, família ou amigos. E isso não as torna menos LGBTQIA+, como às vezes pode parecer.
Esse processo de aceitação e descoberta pode ser assustador porque, muitas vezes, falta alguém com quem conversar de forma confortável e sem julgamentos. Isso faz com que muitos de nós passem por tudo isso sozinhos.
Recentemente, tenho descoberto muitas coisas sobre mim, e isso vem moldando minhas ações, pensamentos e motivações.
Pra mim, ser gay é um conjunto de coisas: é poder falar com voz açucarada, é poder me vestir como quero (por mais feminino que pareça), é poder usar maquiagem mesmo sendo homem, é deixar meu lado “feminino” brilhar às vezes e, claro, também ser amaldiçoado por gostar de homens 😂🥵😮💨.
Apesar de estarmos longe da completa aceitação, fico muito feliz e emocionado com os pequenos espaços que estamos conquistando: na política, com Érika Hilton; na música, com diversos artistas LGBTQIA+; e, principalmente, nas escolas, com as gays se apresentando e dando tudo de si, como o menino que interpretou Ney Matogrosso ou a turma que performou Abracadabra, da Lady Gaga. Lembro quando era criança e fui o único menino dançando Ragatanga no meio de umas 35 meninas (infelizmente não temos registros disso por causa da época que estávamos). E ainda disseram que eu nunca dei sinais? Por favorrrr! O CD da Rouge, com glitter na capa, foi um dos presentes mais especiais que minha mãe já me deu 😮💨.
Ser gay, no fundo, não é apenas sobre o desejo ou sobre a orientação em si.
Ser gay é antes de tudo, um ato de coragem. É olhar para dentro de si, reconhecer verdades que muitas vezes o mundo insiste em negar, e mesmo assim escolher vivê-las. Ser gay é existir fora de um padrão que foi imposto, é desafiar expectativas que não foram feitas para nós e ainda assim, encontrar beleza nisso.
Ser gay é se descobrir, se aceitar e, aos poucos, se reconstruir. É um exercício diário de liberdade, mas também de resistência: à rejeição, ao medo, às violências pequenas e grandes. É ter que ser forte em um mundo que tantas vezes, tenta nos dobrar mas também é descobrir uma força que muitas pessoas jamais vão conhecer, porque nunca precisaram lutar para simplesmente ser quem são.
No lado mais bonito, ser gay é amar diferente, sentir diferente, olhar o mundo com outras cores. É celebrar o afeto, o toque, o olhar, a escolha. É fazer das diferenças o nosso maior ponto de encontro com o outro e conosco mesmos.
Ser gay, no fim, é um caminho: de autoconhecimento, de afirmação e acima de tudo, de verdade.
essas fotos são de um ensaio que participei com o tema PÉROLAS, e acho que vai muito de encontro com o assunto, porque é isso: todos nós (LGBTQIA+) temos algo que nos machucou e que transformamos em algo bonito e valioso.
e você? é LGBTQIA+? Tem vivido sua verdade? conta pra mim! vamos celebrar nossas histórias.